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OS 12 PASSOS DE NARCÓTICOS ANONIMOS - PASSO QUATRO

 

PASSO QUARTO

“Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos.” 


O propósito de um profundo e destemido inventário moral é arrumar a confusão e a contradição das nossas vidas, para que possamos descobrir quem realmente somos. 


Estamos começando uma nova maneira de viver e precisamos nos livrar da carga e das armadilhas que nos controlavam e impediam nosso crescimento. 


À medida que nos aproximamos deste passo, a maioria de nós teme que haja um monstro dentro de nós que, se for libertado, irá nos destruir. 


Este medo pode nos levar a adiar o nosso inventário ou pode até nos impedir totalmente de dar este passo crucial. 


Descobrimos que o medo é a falta de fé, e encontramos um Deus amoroso e pessoal a quem podemos recorrer. 


Não precisamos mais ter medo. 


Fomos mestres em auto‐engano e racionalizações. 


Escrevendo o nosso inventário, podemos superar estes obstáculos. 


Um inventário escrito vai desvendar partes do nosso subconsciente, que permanecem escondidas, quando apenas pensamos ou falamos sobre quem somos. 


Quando está tudo no papel, é muito mais fácil ver a nossa verdadeira natureza, e muito mais difícil negá‐la. 


A auto‐avaliação honesta é uma das chaves da nossa nova maneira de viver. 


Vamos encarar os fatos: quando usávamos, nós não éramos honestos conosco. 


Começamos a ser honestos conosco, quando admitimos que a adicção nos derrotou e que precisamos de ajuda. 


Levou muito tempo para admitirmos que estávamos derrotados. 


Descobrimos que não nos recuperamos física, mental e espiritualmente da noite para o dia. 


O Passo Quatro vai nos ajudar na nossa recuperação. 


A maioria de nós descobriu que não éramos nem tão terríveis, nem tão maravilhosos quanto imaginávamos. Ficamos surpresos por descobrir que temos coisas boas no nosso inventário. 


Qualquer pessoa que esteja há algum tempo no programa e tenha praticado este passo vai lhe dizer que o Quarto Passo foi um momento decisivo na sua vida. 


Alguns de nós cometeram o erro de chegar ao Quarto Passo como se fosse uma confissão de como somos horríveis — como fomos maus. 


Nesta nova maneira de viver, um porre de sofrimento emocional pode ser perigoso. 


Não é este o propósito do Quarto Passo. 


Estamos tentando nos libertar de uma vida de padrões velhos e inúteis. 


Damos o Quarto Passo para crescer e ganhar força e discernimento. 


Podemos abordar o Quarto Passo de várias maneiras. 


Os Passos Um, Dois e Três são a preparação necessária para se ter fé e coragem para escrever um inventário destemido. 


É aconselhável repassarmos os três primeiros passos com um padrinho ou madrinha antes de começarmos. 


A nossa compreensão destes passos nos deixa à vontade. 


Nós nos damos o privilégio de nos sentirmos bem com o que estamos fazendo. 


Estivemos nos debatendo por muito tempo, sem chegar a lugar nenhum. 


Começamos agora o Quarto Passo e abrimos mão do medo. 


Simplesmente escrevemos o melhor que podemos no momento. 


Precisamos pôr um ponto final no passado, e não nos agarrar a ele. 


Queremos encarar nosso passado de frente, vê‐lo como ele realmente foi e libertá‐lo para podermos viver o hoje. 


Para a maioria de nós, o passado era um fantasma no armário. 


Temíamos abrir aquele armário, com medo do que o fantasma pudesse fazer. 


Não temos que olhar para o passado sozinhos. 


Agora, nossas vontades e nossas vidas estão nas mãos do nosso Poder Superior. 


Parecia impossível escrever um inventário completo e honesto. 


E era, enquanto estivéssemos trabalhando com o nosso próprio poder. 


Fazemos alguns momentos de silêncio antes de escrever e pedimos força para sermos destemidos e profundos. 


No Passo Quatro, começamos a entrar em contato conosco. 


Escrevemos sobre as nossas deficiências, tais como culpa, vergonha, remorso, autopiedade, ressentimento, raiva, depressão, frustração, confusão, solidão, ansiedade, deslealdade, desesperança, fracasso, medo e negação. 


Escrevemos sobre aquilo que nos incomoda aqui e agora. 


Temos a tendência de pensar negativamente e, escrevendo, temos a possibilidade de olhar mais positivamente para o que está acontecendo. 


As qualidades também têm que ser consideradas, se quisermos ter um quadro mais correto e completo de nós mesmos. 


Isto é muito difícil para a maioria de nós, pois é difícil aceitar que temos boas qualidades. 


No entanto, todos temos qualidades, muitas delas recém‐encontradas no programa, tais como estar limpo, ter mente aberta, consciência de Deus, honestidade com os outros, aceitação, ação positiva, partilhar, ter boa vontade, coragem, fé, carinho, gratidão, gentileza e generosidade. 


Nossos inventários geralmente incluem os relacionamentos. 


Examinamos nossa atuação passada e nosso comportamento presente, para ver o que queremos manter e o que queremos descartar. 


Ninguém está nos forçando a desistir da nossa miséria. 


Este passo tem fama de ser difícil; na realidade, ele é bastante simples. 


Escrevemos o nosso inventário sem pensar no Quinto Passo. 


Trabalhamos o Passo Quatro como se não existisse o Passo Cinco. 


Podemos escrever a sós ou perto de outras pessoas, como for mais confortável para nós. 


Podemos escrever muito ou pouco, o quanto for necessário. 


Alguém com experiência pode nos ajudar. 


O importante é escrevermos um inventário moral. 


Se a palavra moral o incomodar, podemos chamá‐lo de inventário do positivo/negativo. 


A maneira de escrever um inventário é escrevê‐lo! 


Pensar a respeito do inventário, falar sobre ele, teorizar sobre o inventário, não faz dele um inventário escrito. 


Nós nos sentamos com um bloco, pedimos orientação, pegamos a caneta e começamos a escrever. 


Qualquer coisa em que pensemos é material para o inventário. 


Quando percebemos o pouco que temos a perder e o quanto temos a ganhar, começamos este passo. 


Um método prático é saber que poderemos escrever de menos, mas nunca escreveremos demais. 


O inventário vai se ajustar ao indivíduo. 


Talvez pareça difícil ou doloroso. 


Pode parecer impossível. 


Podemos temer que o contato com os nossos sentimentos vá detonar uma insuportável reação em cadeia de dor e pânico. 


Podemos querer evitar um inventário por medo de fracasso. 


Quando ignoramos nossos sentimentos, a tensão é demais para nós. 


O medo do confronto iminente é tão grande que ultrapassa o nosso medo do fracasso. 


O inventário torna‐se um alívio, pois a dor de fazê‐lo é menor do que a dor de não fazê‐lo. 


Aprendemos que a dor pode ser um fator que motiva a recuperação. 


Portanto, torna‐se inevitável encará‐la. 


Todo tema de reuniões de passos parece ser o Quarto Passo ou o inventário diário. 


Através do processo de inventário, somos capazes de lidar com todas as coisas que possam se acumular. 


Quanto mais vivemos o nosso programa, mais parece que Deus nos coloca em situações onde surgem questões. 


Quando as questões surgem, escrevemos sobre elas. 


Começamos a apreciar a nossa recuperação, porque temos uma maneira de resolver a vergonha, a culpa ou o ressentimento. 


O estresse acumulado dentro de nós é libertado. 


Ao escrever, vamos abrir a tampa da nossa panela de pressão. 


Decidimos se queremos servir o que tem dentro, colocar a tampa de volta, ou jogar fora. 


Não precisamos mais nos cozinhar dentro dela. 


Sentamos com papel e caneta e pedimos ajuda ao nosso Deus, para que nos revele os defeitos que nos causam dor e sofrimento. 


Rogamos coragem para sermos destemidos e profundos, e para que o inventário possa nos ajudar a colocar nossas vidas em ordem. 


Quando rezamos e agimos, sempre conseguimos melhor resultado. 


Não vamos ser perfeitos. 


Se fôssemos perfeitos, não seríamos humanos. 


O importante é que façamos o nosso melhor. 


Usamos as ferramentas à nossa disposição e desenvolvemos a capacidade de sobreviver às nossas emoções. 


Não queremos perder nada do que ganhamos; queremos continuar no programa. 


A nossa experiência demonstra que nenhum inventário, por mais profundo e completo, terá qualquer efeito duradouro, se não for prontamente seguido de um Quinto Passo igualmente completo.

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